Qual
é o sincero sentido de nos matarmos uns aos outros?
Sinto
dificuldades diante das guerras.
Elas
são apenas o empenho dos que já não lembram mais suas raízes e sementes...
ensurdecidos que estão para a luz.
E
não falo apenas das guerras que passam todos os dias nos noticiários, mas das
que carregamos no peito sem nem perceber, tão esquecidos que estamos de nós.
Quantos
Herodes ainda hão de nascer, meu deus, nos solos da Terra?
Por
quanto tempo ainda ficaremos assim: tolos e nulos?
A
velharia da mesmice me cansa.
Julgamos
com o discurso afiado o que não nos cabe julgar.
Oprimimos
de forma primorosa todo o horizonte que nos cerca.
E
no final desejamos ser feliz.
Acaso
enlouquecemos?
Crianças
morreram.
Crianças
morrem todos os dias (nos apontam as estatísticas).
Não.
Isso
é mentira.
Eu me recuso a acreditar em abutres.
Sou
eu quem morre todos os dias.
Todos
os dias cada um de nós está morrendo.
Seja na pele de crianças queimadas ou
simplesmente ignoradas.
E
enquanto não despertarmos atrocidades maiores podem acontecer.
É
realmente isso o que queremos?
Me
recuso a acreditar que a morte seja isso.
Me
recuso a acreditar que só assim conseguimos viver.
No
horizonte iluminado do meu coração todas as infâncias crescem em paz.