Temo o desamparo registrado nas
reclamações ouvidas na rotina.
Temo o desamparo dos corpos ternos
abandonados por aí.
Só o sonho de ser o que sou me
desabrocha.
Me sonho abrigo: lugar-estação onde o desamparo
não consegue alcançar.
Abrigo todo feito com feixes de luz e
voo de borboletas,
Com paredes chapinhadas de deus
E gargalhadas de minha avó ao fundo.
Na varanda, porque só há varanda,
O vento o mar o azul.
Abrigo onde abraçar e respirar são sinônimos
E mãe é chamamento para tudo,
Com balanços pendurados nas nuvens onde
todos em infância crianceiam a pureza de sermos vivos.
Nesse lugar sem condições ou
enquadramentos, basta o corpo vindo sem nada.
Basta a vida que pulsa pelo seu lado de
dentro.
Basta estar disposto a se benzer todos
os dias,
Com suor e lágrimas.
Nele viveremos todos infinitamente
juntos dentro do corpo sagrado da luz.
E que assim seja.
Que seja assim
ResponderExcluirum abrigo onde pés e mãos se cruzam
dor e sol se olham
faísca e nuvem se convertem
assim
seja assim
a sinfonia branca que se
quebra em tornozelos
que se torna zelo
de joelhos santos
um amigo que abriga o peito de um abraço
uma noite que enlaça o leito de um afago
que seja assim
um norte e um atraso
um descompasso
mas que seja assim
sempre abrigo